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domingo, 29 de agosto de 2010

Conheça a nova carteira de identidade

Até o fim deste ano, os brasileiros passarão a ser identificados com um novo número de identidade, o Registro de Identificação Civil (RIC).

O novo documento tem o objetivo de unificar as bases de cadastros de cidadãos, que atualmente é separada por unidade federativa e, assim, permite que uma mesma pessoa tenha até 27 números de Registro Geral (RG) diferentes. Do ponto de vista da segurança, a grande mudança está na tecnologia envolvida na confecção do novo documento, que se assemelhará a um cartão de crédito.

Previsto por lei desde 1997, o projeto de criação do RIC deu o último passo para sair do papel na semana passada, com a publicação do decreto que regulamenta a lei. A ideia é que o novo documento, além de substituir o RG, fique vinculado ao Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), ao título de eleitor, à Carteira Nacional de Habilitação (CNH), entre ouros documentos, para que o mesmo número identifique os brasileiros diante das diversas situações que hoje exigem novos cadastros.

O presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), Renato Martini explica que as especificações técnicas do novo documento ainda não estão totalmente definidas, já que dependem do crivo do Comitê Gestor de Registro de Identificação Civil, instituído no dia 6 de maio e que começa a se reunir neste mês.

Alguns elementos, entretanto, já se pode dizer que estarão no RIC por estarem de acordo com padrões internacionais de sistemas de identificação. Com base nesses padrões, o ITI, em parceria com o Instituto Nacional de Identificação (INI) e o Instituto Nacional de Criminalística (INC) desenvolveram um protótipo, apresentado à sociedade há dois anos.

O  documento será confeccionado em policarbonato, com 85 por 54 mm e chip, características semelhantes às de cartões de crédito. No chip, que seguirá o padrão internacional ISO 7816, criado para cartões do tipo, estarão armazenadas informações como nome completo, filiação, sexo, data e local de nascimento, além da imagem da impressão digital do portador. Todos os dados ficarão armazenados de forma criptografada e sob uma certificação digital, que assegura a autenticidade do cartão.

A coleta das impressões digitais será feita por equipamentos semelhantes a scanners, conhecidos como AFIS (Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais, na sigla em inglês). Desde 2004 o Brasil já conta com a tecnologia, adquirida por US$ 35 milhões, e sob responsabilidade do Ministério da Justiça. Todas as impressões digitais coletadas ficarão armazenadas em servidores localizados em Brasília e que terão backups em todas as unidades da federação.

A cada cadastro novo, as impressões digitais serão comparadas com todas as demais armazenadas no banco de dados, a fim de impedir a confecção de mais de um documento para a mesma pessoa. A gravação das impressões no chip permite ainda que, por meio de leitores biométricos, seja possível confirmar se uma pessoa é realmente a portadora do documento, mesmo que o sistema esteja offline.

Segurança sem leitores

A leitura dos dados contidos no chip de um cartão RIC dependerá, é claro, de leitores eletrônicos, mas Martini explica que a verificação da autenticidade do documento não demandará uma mudança repentina na infraestrutura dos órgãos públicos e empresas que dependem da apresentação da identidade. "A identificação ainda poderá ser feita da mesma maneira que já é feita atualmente com o RG, o famoso 'cara-crachá', já que haverá elementos para assegurar que o cartão é verdadeiro".

Composto por seis camadas, o RIC terá ainda as inscrições com os dados do cidadão gravados, a laser, sob a camada superficial, para impedir a remoção ou adulteração dessas informações. Haverá ainda um espaço para gravação de códigos que podem ser interpretados por OCR (reconhecimento óptico de caracteres). Entre outros elementos de segurança, o projeto contempla ainda efeitos ópticos, como marcas d'água, fundos complexos e guilhoches.

"Com a tecnologia que existe hoje, pode-se dizer que é impossível falsificar este tipo de documento. Com o passar do tempo, investiremos em novas ferramentas de segurança, para evitar fraudes mesmo que os elementos atuais se tornem vulneráveis", afirma o presidente do ITI.

Processo de implantação

O número RIC, composto por dez dígitos, e que daqui para frente identificará cada cidadão brasileiro já começou a ser emitido em dois estados: Rio de Janeiro e Bahia. Nestes locais, as pessoas que fazem o RG já recebem o novo número, embora ainda não tenham à disposição o documento certificado digitalmente.

A expectativa, segundo Paulo Ayran, assessor da diretoria do INI, é que a carteira RIC propriamente dita comece a ser emitida até o fim deste ano, inicialmente em fase de testes, em uma unidade da federação. O cadastro do número RIC será centralizado no INI, em Brasília. Apesar disso, a emissão do documento continuará sendo responsabilidade dos institutos de identificação estaduais, que passarão por um processo de integração à rede nacional.

"O início da confecção do documento depende apenas de uma definição do Comitê Gestor", diz Ayran. A previsão é que em até nove anos a meta de identificar 150 milhões de brasileiros com o RIC esteja cumprida. "A partir daí, documentos como o atual RG, CPF, PIS, título de eleitor e carteira de habilitação poderão ser inutilizados", conclui Martini.

Por onde anda o Chrome OS

O INFOlab experimentou o sistema operacional do Google, que deve ficar pronto no fim do ano.

Falta pouco para a estreia do Chrome OS. Netbooks com o sistema operacional — que tem a dura missão de atrapalhar a vida do Windows — vão chegar às lojas dos Estados Unidos no último trimestre do ano. A data foi confirmada em junho por Sundar Pichai, vice-presidente de gerenciamento de produtos do Google, durante a feira Computex, em Taiwan. Isso significa que tudo precisa estar pronto, no máximo, entre setembro e outubro. Como o ponteiro do relógio está correndo, resolvemos investigar o atual estágio do projeto, rodando o software no INFOLAB numa versão ainda incompleta. O Google vai conseguir criar um sistema baseado totalmente na nuvem? Veja o que conseguimos descobrir.

Adeus, instalação

Demos uma primeira olhada no Chrome OS em dezembro. Na época, instalamos uma versão compilada a partir do código-fonte no netbook Eee PC 900 do INFOLAB. Tentamos repetir esse caminho mais uma vez. Copiamos uma versão recente do sistema para um pen drive e a rodamos no netbook, mas o micrinho não aguentou o tranco e interrompeu o carregamento. Em portáteis mais novos da Dell e da HP, o Chrome OS funcionou parcialmente. Nem sempre foi possível conectar o micro a uma rede Wi-Fi, por exemplo. Isso indica que os engenheiros do Google não mudaram de ideia. O operacional virá pré-instalado em algumas máquinas, mas não existe a preocupação de fazê-lo rodar em qualquer computador. Quem quiser se arriscar vai ter de se virar sozinho.

Ritmo acelerado

Os desenvolvedores não estão dormindo no ponto. São feitas atualizações diárias no projeto Chromium OS, com modificações que incluem desde correções de falhas até melhorias da interface com o usuário e ampliação das funções. No dia 18 de junho, a página do sistema no Google Code (http://bit.ly/chromium-os) mostrava que havia 1 402 tarefas pendentes para a equipe. Uma delas refere-se ao tempo total de boot, que precisa ser inferior a 5 segundos desde o momento em que o usuário liga a máquina. Isso significa que o objetivo de chegar a menos de 10 segundos, estabelecido no fim do ano passado, já foi alcançado. Como rodamos o Chrome OS a partir de um pen drive, o processo foi mais lento e levou em média 30 segundos. Deu para perceber que a velocidade tornou- se uma obsessão para o time do Google. Ao chegar à tela de login, o tempo total do boot é informado com precisão de centésimos de segundo.

Tapa no design

A última versão a que tivemos acesso foi a 0.7.47, de 17 de junho. A numeração sugere que a equipe do Google está perto de chegar à 1.0 — a do lançamento. Pelo que deu para perceber, a base do Chrome OS está pronta. Uma comparação com as páginas de design disponíveis no site do projeto (http://bit.ly/ user-experience) indica que a interface também está bem próxima do prometido. Ao alternar entre as janelas com a tecla F12, as abas do navegador aparecem em 3D, com um papel de parede ao fundo e uma animação. Ajustes estão sendo feitos em locais como a tela de login, onde o usuário já pode associar sua conta no Google a uma foto feita com a webcam. Mas não espere muito mais do que isso. Em geral, o que se vê o tempo todo é somente a janela do navegador Chrome (que, aliás, vem com Flash).

E os arquivos?

Ainda que a ideia do Chrome OS seja funcionar na nuvem, arquivos serão gravados no disco local em algum momento. Como lidar com eles? O navegador de conteúdo — uma janelinha pop-up no canto da tela — permite visualizá-los, mas ainda não é possível compartilhá-los, e, na maioria dos casos, nem abri-los. As fotos são uma exceção, pois podem ser enviadas a álbuns do Picasa, e, futuramente, ao Flickr ou a algum destinatário de e-mail. Mas ainda não há menus de contexto para documentos, vídeos e músicas. Quando se clica sobre um pequeno ícone do lado direito de cada arquivo, a única opção exibida é a de excluir. Ao executar conteúdo multimídia, porém, descobrimos que existe um tocador embutido no browser. Pelo que conseguimos notar nas trocas de mensagens entre desenvolvedores no fórum do projeto, o player será compatível com áudio em MP3 e WMA, entre outros formatos, e até filmes em DivX.

Nuvem de aplicativos

Boa parte do sucesso do sistema do Google depende dos aplicativos online, que serão vendidos pela Chrome Web Store (ainda não disponível) e instalados no navegador. Fazer a instalação já é possível. O problema é que, em muitos casos, como durante a edição de documentos no Google Docs, será necessário trabalhar offline. Isso será feito via HTML 5, mas o recurso ainda não foi implementado. Outra promessa está na oferta de aplicativos complexos, como games, que também vão rodar dentro do browser. Alguns jogos, como Plants vs Zombies e Lego Star Wars, foram mostrados no evento Google I/O, em maio. Outros, mais simples e gratuitos, têm surgido na web. Resta aguardar mais alguns meses, mas é certo que, até lá, os desenvolvedores têm de correr para concluir um bom punhado de ajustes.

Fonte: Info Abril.
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